Há um caldo cultural que bem justifica as proposições da psicologia. Diante dos proeminentes desencontros nos laços sociais, ela surge enquanto espaço de escuta aos sintomas decorrentes dos mesmos, na busca de saná-los. Trata-se de um processo que tem seu início, conduzindo o paciente a chamar pelo nome aquilo que tanto o angustia.
É visível que o mundo se desenvolveu muito mais no viés da comunicação do quê no viés da tecnologia, com vistas à facilitação do trabalho. Diante disso, estou aqui, enquanto psicóloga, para oferecer um lugar onde o sujeito possa falar de si. Isso parece ser fácil, considerando o crescimento vertiginoso das relações. O curioso é que ao ser convocado a falar de si, o paciente apresenta sérias dificuldades, fazendo parecer que seu olhar é muito mais para o quê está fora do quê ao quê está dentro. Daí, as projeções serem tão frequentes.
O objeto de estudo da Psicologia é o consciente. Seu método é a sugestão. Neste caso, ao contrário da psicanálise, não adota a regra da associação livre. O psicólogo conduz o seu trabalho sob a orientação de um saber sabido.
O paciente chega à terapia, pela via do sintoma, ou seja, pela queixa. Trata-se de questões que o angustiam e a proposta da psicologia é historicizar isso que o incomoda a fim de eliminar os sintomas. Sendo este o foco da Psicologia, ela costuma ser considerada mais objetiva e menos abrangente, se comparada à psicanálise. Porém, nem por isso perde os seus efeitos para muitos que a ela recorrem. Por este motivo, costumo dizer que ‘ofereço psicologia a quem me demanda psicologia e ofereço análise a quem me demanda análise’.
Ainda sobre os sintomas, muitos chegam a mim com esta sobrecarga no corpo, mostrando claramente que este último também fala. Ou seja, há uma somatização do quê deixou de ser palavreado. Porém, para a psicologia, ninguém é substituível. Assim sendo, o quê o paciente tem a dizer ninguém dirá em seu lugar.
Em suma, há conversas que não podemos deixar para depois.
Vamos conversar?